A religião como um meme dawkiniano
Outro lado meu é o da Ciência. Da minha participação no fórum "Criacionismo", no Orkut, surgiu esse meu texto, como resposta a essa primeira posição do membro criacionista Sodré Siman:
"274 fontes além da Bíblia, espalhadas pelo globo, com 43 a 99% de semelhanças, apontam para um mesmo evento..."
Ninguém aqui é criança, mas todos já foram. Uma brincadeira muito comum na infância é o telefone-sem-fio. Não sei se, em outras partes do país, isso recebe outro nome... Pois se trata de uma fileira de pessoas, uma fala uma frase no ouvido da seguinte, e assim sucessivamente, até que a última fala alto o que entendeu. Compara-se, então, com o que foi passado inicialmente. Não raro, a mensagem sai bastante alterada.
Essa é uma analogia (de minha autoria) do que Richard Dawkins propôs, com o nome de meme. São conjuntos de informação dotados de capacidade de replicação e mutação.
Na brincadeira, cada pessoa só transmite a informação para uma única pessoa. Imaginem, então, que ela sopre a frase no ouvido de outras duas pessoas, e a partir daí surjam outras fileiras de crianças, também criando outras bifurcações... É de se esperar que, ao final da brincadeira, cada ponto terminal obtenha uma mensagem totalmente diferente, não só do inicial, como entre si.
Ok? Estão acompanhando?
Agora pensemos que uma determinada tribo de seres humanos, lá nos primórdios da vida Homo sapiens, tenha presenciado uma catástrofe como a que recentemente se abateu sobre New Orleans, ou um tsunami indonésio, um uma tempestade mais prolongada como as frentes frias que chegam ao Rio de Janeiro costumam trazer.
Uma característica da comunicação humana é a tendência ao exagero. Revistas de fofoca sabem explorar esse nosso lado; e até Machado de Assis, grande observador e crítico da sociedade, escreveu sobre isso em "Quem conta um conto, aumenta um ponto". E isso não deve ser de hoje...
Na falta de justificativas climáticas, geológicas, tectônicas, aqueles homens se explicaram como puderam: incluíram os acontecimentos na sua mitologia individual ou comunitária.
"Da próxima vez eu dedico dois carneiros ao Deus da Chuva", pensava um, enquanto outro jurava que era um castigo divino pelo seu adultério.
A dinâmica de populações nos mostra que uma população nunca fica muito tempo no mesmo lugar por muito tempo. Com emigrações mais freqüentes, talvez porque a tempestade tenha escasseado as reservas de alimento da região, cada um foi para um canto, e lá continuou a cultivar suas crenças. Não só isso: misturou-se com a mitologia do povo que o acolheu, e daí surgiu um híbrido.
Por todos os lados se espalhava a história da tempestade, cada vez mais monstruosa, cada vez mais destruidora, e cada vez mais diferente do que se contava nas tribos vizinhas.
Voilà: isso não justifica existirem tantas e tantas versões da mesma história? E, principalmente, não justifica que as religiões tenham preceitos muito parecidos entre si, mas com alguma pequena diferença que as torna inimigas mortais?
2 Comments:
Salve, Phla. Passei por aqui pra cumprimentar pela casa nova. Parabéns. Já vou linkar lá no Kayuá. Ab.
Adão e Eva é lenda, Ciência Genealógica Literal ou Arqueologia?
30 de agosto de 2020 Sodré Neto Baraminologia, Biologia, Entropia Genética, Genealogia, Genética, Paleontologia 0
II - O que o nosso DNA mitocondrial Diz Sobre a Ascendência Humana?
Resumo:Muitas afirmações e questionamentos não se fazem por pura vergonha social e certos temas até óbvios como uma dedução matemática das nossas genealogias , que apontam para a tendência numérica populacional estar se aproximando cada vez mais para um casal ou pouquíssimos humanos habitando a terra em torno de 6 mil anos atrás, não podemos falar em meios considerados cultos. Mas desafiando esta cultura que consegue dar aulas nas universidades dizendo que trombadas de corpos celestes foram capazes, por pura sorte, fabricar um planeta terra com 1300 ajustes finos super diferentes de quatrilhões de outros, contendo uma vida super complexa e cheia de códigos genéticos fabricada “obviamente” por acaso por sopas primordiais, faremos aqui uma reflexão sobre Adão e Eva (assunto proibido pelo “consenso” chamado NFDJ = “não fale disso Jurema” ).
Introdução
O Motor do flagelo imita o motor de carro . Soubemos disso depois do microscópio eletrônico , ou seja, pensamos de forma semelhante ao Design. Será que fomos criados a imagem e semelhança do Deus bíblico e das fontes arqueológicas? Cão cruza com espécies da família canidae, gatos com alguns felinos mas homem não gera nem inicio de célula embrionária com símios. Será que em vez de ancestrais macacos podemos dar crédito a historia criacionista de Adão e Eva? Mas de onde vieram tantas variações nossas?
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