sábado, junho 17, 2006

Bandeira a meio pau

A bandeira do humor brasileiro está içada a meio pau desde essa madrugada. Na Alemanha já era manhã quando o Bussunda, que certamente faria alguma piada com a minha primeira frase, foi anunciado morto pelos médicos do hotel em que estava hospedado.

A essa altura do dia a notícia só é novidade para os muito mal informados. Eu só soube quando brinquei com um paciente que não infartasse durante o jogo da seleção amanhã. "Que nem o Bussunda", ele respondeu, me pegando desprevinido.

Já há um tempo os Cassetas e Planetas vêm perdendo pouco a pouco a graça que antes tinham. As brincadeiras, os trocadilhos, os personagens se repetem à exaustão; mas como o humor brasileiro não anda muito bem das pernas, ainda são um oásis entre os metidos a engraçadinhos, nesse meio que reconta piadas dos anos 50 em Zorra Total e A Praça é Nossa. E agora, com mais esse choque, o gordinho vai fazer falta!

Substituição: sai o crítico, entra o médico.

Dia após dia vejo inúmeros pacientes como imagino o Bussunda. E não acho que seja só eu. O Rio, o Brasil, o mundo vivem uma epidemia de doenças metabólicas como a obesidade, o diabetes, a hipertensão, a dislipidemia, a gota, por causa - não exclusivamente, que a genética também tem grande parte nesse problema - dos maus hábitos de vida.

Ver alguém vendendo a imagem de um gordinho simpático, como era o Bussunda, como é o Jô Soares, me dá arrepio. Os personagens da mídia, hoje em dia, são exemplos mais importantes que mãe e pai, e mais capazes de influenciar a cabeça de uma nova geração. São pessoas que, pelo menos aparentemente, passam a idéia de que ser gordo é legal; e não falam das conseqüências, sob a forma de remédios e complicações. O cantor americano Barry White e o ator Claudio Correa e Castro morreram hipertensos, diabéticos e com insufucência renal, fazendo hemodiálise.

Que, não apenas sua vida, mas também sua morte, sirva de exemplo de que a obesidade é coisa séria. Bussunda não era diabético ou hipertenso; mas tinha colesterol alto e uma história familiar positiva para doença coronariana (informações do Dr. Flavio Cure Palheiro, médico do humorista, publicadas no Terra).

1 Comments:

At 10:42 PM, Anonymous Anônimo said...

Estou realmente muito triste com a morte do Bussunda. E essas perdas repentinas me assustam. Muito. Paro pra pensar em tudo e todos que me rodeiam. Enfim, só um desabafo. Adorei as informações de saúde pública. A visão do médico e do crítico.

 

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