terça-feira, junho 13, 2006

Espelho d'água

As ondas quebravam em seus pés quando ele olhou para o outro lado do rio. Pouco enxergava, distante dali era a margem oposta; mas quando acenou, percebeu que um rapaz lhe acenava de volta, um perdido, talvez, naquela lonjura. Pensativo, olhou para baixo, e o rio lhe devolveu sua imagem refletida; olhou à esquerda, à direita, e encontrou a canoa. Precisava buscá-lo, o rapaz do outro lado, sentiu, e tinha às mãos o necessário. Meteu-se na embarcação e remou, e remou. E depois de tanto remar, já pensando se jamais chegaria do outro lado, viu de perto o tal perdido. E ele tinha os mesmos olhos, e acenava com a mesma mão, que antes vira no espelho d’água.

Foto: Kiti Grobe