quarta-feira, abril 19, 2006

Defensor dos frascos e comprimidos


A política do jabá, tão suja e corrupta quanto o Congresso Nacional, privilegia a força da grana (que ergue e destrói coisas belas) em detrimento da qualidade musical. Torna ilustres desconhecidos os artistas que, de outra forma, teriam toda possibilidade de cair na boca do povo. E não falo do rock progressivo, de estrutura complexa, ainda que lindo; até mesmo, e principalmente, no meio pop se vêem tais disparates.

Por que outra razão Damien Rice é um nome que passa despercebido, enquanto "É isso aí", versão de Ana Carolina para "The blower's daughter", é cantada a todo pulmão em gritos histéricos da platéia? Por que, se a música original de Rice é tão melhor? Ou ainda, por que "Então me diz", versão da Zélia Duncan cantada pela Simone, tocou meia dúzia de vezes nas rádios e nunca mais, apeasr de toda crítica a essa respeito dizer que a letra da Zélia é melhor?

Outro dia ouvi "The blower's daughter", versão original, na rádio Paradiso FM (95,7 MHz). De vez em quando eles tocam uma música que fez parte de trilha sonora de cinema; e esse clássico nato abre "Closer", de Mike Nichols, na talvez melhor cena do filme. A combinação da ação com o sentimento que a música passa é simplesmente perfeita. E toda vez que, hoje, eu ouço essa canção, logo me vem à mente o homem andando na rua, entrando ônibus, encontrando-se com a mulher, que só mais tarde o espectador vai saber quem são.

Nada que Ana Carolina ou Seu Jorge possam transmitir na versão.