terça-feira, janeiro 03, 2006

Feliz ano novo!


Pela segunda vez eu passo o réveillon em Angra. Ano passado, fomos de veleiro até a Enseada do Sítio Forte, na Ilha Grande, depois de dois dias de muito sol sem filtro solar. Fizemos a ceia no barco e pegamos o bote até a praia, onde um restaurantezinho fazia uma festa. Fomos, não tanto pela festa, que não tinha nada de mais, mas pela companhia das pessoas que tínhamos conhecido mais cedo.

Esse ano, recebi um convite para ir de penetra numa festa de R$200,00. Não é muito a minha cara, e recusei a proposta. Se fosse para isso, eu iria para Teresópolis, na casa do meu avô, onde estariam alguns tios e primos, inclusive a parte brasiliense, que raramente vem ao Rio. Outras opções continuaram a aparecer, e acabamos por escolher uma mal combinada parceria com a Bia, amiga da Sabrina.

Tudo está bem quando acaba bem, já dizia o sábio Shakespeare, e apesar da combinação torta, tudo correu às mil maravilhas - depois que já estávamos todos juntos.

Para quem não está entendendo nada, vamos começar do começo.

Dia 30, sexta-feira, fui com a Sabrina para o Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, onde ela faz residência. Ela tinha que passar visita nos pacientes internados, e eu estava de ponto facultativo, uma espécie de desculpa que a governadora Garotinha adora usar para não trabalhar. O Hospital Pedro Ernesto, estadual, funcionou em regime de plantão na véspera do feriado.

Mas enfim... de Laranjeiras nós saímos às 10h direto para Angra dos Reis. Já imaginava pegar um belo trânsito na estrada. Ainda no Rio, tudo fluiu bem, a Avenida Brasil vazia e tal. Na bifurcação para a Rio-Santos, uma retenção eterna, culpa do planejamento incompetente para aquele trecho: como da Avenida Brasil pode sair a Rio-Santos numa agulha de uma só pista? Numa analogia com a Medicina, é praticamente a fisiopatologia do edema agudo de pulmão, uma insuficiência crônica que, com o alto fluxo dos feriados, provoca acúmulo de carros e congestionamento. Os espertinhos começam a tentar avançar pela contramão, pelos acostamentos, aumentando a pressão venosa e abrindo a circulação colateral.

Engenharia de Trânsito e Cardiologia são praticamente a mesma coisa.

Dali só fomos pegar mais retenção em Itaguaí. Aí foi engarrafamento de verdade, o motivo por termos demorado uma hora a mais para chegar à Marina Bracuhy. Mas vale a pena: toda vez que vou e volto de Angra eu repito que não existe lugar no mundo com vista mais bonita que das curvas da estrada de Santos. Aquele mar verde-e-azul emoldurado pela Mata Atlântica, as 365 ilhas nadando em água morna... e pensar que eu só descobri essa maravilha há dois anos, quando fui pela primeira vez para o veleiro do sogro. É bem verdade que, quando eu era pequeno, minha família costumava ir para Ibicuí, uma praia de Mangaratiba, mas de lá eu só lembro que a linha do trem passava bem em frente à casa e a gente brincava com as pedrinhas que acolchoavam os dormentes.

O tempo estava bom, e assim que chegamos ao veleiro, saímos para passear. Nos dois dias, fomos a Paquetá, Itanhangá, Cunhambebe, ao Blue Tree Park, com vela a um máximo de 6 nós (cerca de 11 km/h).

Já no dia 31, sábado, voltamos no fim da tarde da praia de Cunhambebe com um esboço de chuva, menos que garoa, aproados a um belo arco-íris de despedida do ano de 2005. Foi a única chuva que pegamos, apesar de os meteorologistas afirmarem que a frente fria chegaria até no máximo o sábado. Estou esperando até hoje.

Voltamos para nos arrumarmos. Sônia e Jorge, os pais da Sabrina, ficariam na festa da Marina Bracuhy, enquanto nós dois iríamos para a condomínio da Bia, de onde sairíamos para a casa de uns amigos da família dela. A festa é boa quando nós a fazemos boa, é o que eu penso, e mesmo que fôssemos para uma festa de família, de uma família que não conhecíamos, ainda havia esperança de que pudéssemos fazê-la boa. E não me decepcionei. Todos nos receberam muito bem, comemos, bebemos, conversamos e tudo mais que pode ter em uma festa bacana.

À meia-noite, os fogos estouraram por toda a orla, uns melhores, outros mais sem graça. O céu noturno, escuro ainda que estrelado, coloriu-se em bolas e corações e cascatas. Mais champagne, mais comida e... tiveram a (infeliz) idéia de andar até o clube. Na areia da praia um segurança nos interpelou, dizendo que a "taxa" (se ingresso ou caixinha de fim de ano, sei lá...) custaria R$100,00 por pessoa ao dono da casa. A gente vai até lá e vê se está legal; se estiver a gente paga, se não a gente volta, respondeu um dos (muitos) advogados do grupo. A música até que estava legal, até que lá pelas tantas, uns dez minutos depois de chegarmos, acabou a luz. Provável sobrecarga na rede, incapaz de suportar um evento daquele tamanho. Disseram que ano passado aconteceu a mesma coisa. Será que não percebem que precisam diminuir a quantidade de gatos?

Voltamos umas 2h da manhã, e nos metemos numa festa na praia do condomínio Porto Real, em frente ao apartamento da Bia. Um DJ tocava para grande quantidade de gente espremida na areia. Assim que chegamos, começou um set de músicas bregas dos anos 80, coisa que era ruim na época e agora é cult. Sidney Magal, Gretchen, Xuxa, Paquitas... e uma que eu gosto, mas aí é covardia: Plunct Plact Zum, do Raul Seixas para o musical infantil de mesmo nome. Emendou com axé music ("música baiana" é um desrespeito ao próprio Raul, a Gil, Caetano, Gal Costa, João Gilberto, família Caymmi...), funk... Acho até que demoramos para subir!

No domingo, primeiro dia de 2006, pegamos a estrada cedo. Mais tarde o engarrafamento aumentaria; no dia seguinte teríamos que trabalhar. Saímos 12:30 e em 1h40 chegávamos no Rio, na casa da Sabrina. Quem veio mais tarde, pegou muito trânsito; mas não tanto quanto quem tentou ser esperto e voltar na segunda-feira: o engarrafamento na estrada de Santos chegou a 20 km!

Mas a nossa volta não foi sem um custo: bem à hora que saíamos do condomínio, o pessoal da casa pegava a lancha para um passeio pela baía, por Ilha Grande, e uma passada pela procissão de ano novo. Esse último eu dispenso, mas de resto teria sido bem legal. Enfim...

1 Comments:

At 1:12 AM, Anonymous Anônimo said...

Que folego heim doutor? Por isso que dorme. hahahahahaha

 

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