Um trio ao molho madeira
- Eu e Rodrigo vamos a uma apresentação de choro no Teatro Nelson Rodrigues; você quer ir?
Era sexta-feira à tarde, o show seria à noite. Tive que me decidir rápido. O pior foi esperar pela decisão da Sabrina. Não sabia se ia, se ficava, e o relógio não estava ajudando. Acabou não indo. Eu já estava a mais de meio caminho: de São Cristóvão à Lapa é um passinho.
Fui, e depois fiquei pensando o que teria sido de mim se não tivesse ido. Eu não seria ma mesma pessoa. Alguma coisa mexeu com as minhas entranhas durante aquela apresentação. Mas comecemos pelo começo.
O show não era de um grupo qualquer: o Trio Madeira Brasil é formado por Ronaldo do Bandolim (dizer em que instrumento chega a ser pleonasmo); Marcello Gonçalves, no violão de sete cordas; e Zé Paulo Becker, no violão, e em duas músicas uma viola caipira.
Como falar da qualidade dos músicos a quem nunca os ouviu?
A melhor forma é dizer: OUÇA!
Para que um trio se aventure a tocar Jacob do Bandolim, Egberto Gismonti, Chico Buarque, Edu Lobo, Ernesto Nazareth, e estrangeiros como Manuel de Falla e Astor Piazzola, têm de ter muito giz no taco. E isso só se adquire com muito estudo e muita hora de vôo. Zé Paulo é mestre em Música pela UFRJ; Marcello, formado em Música pela Uni-Rio; e Ronaldo, o decano, membro há vinte anos do conjunto Época de Ouro, mais tradicional grupo de choro em atividade.
Não pude deixar de levar para casa uma parte do show, sob a forma do primeiro disco do trio, epônimo. "Trio Madeira Brasil" é uma breve demonstração do que os três são capazes, e um convite para o próximo disco, a ser lançado tão cedo eles consigam se juntar em estúdio novamente. Palavras deles próprios, que dizem já ter inclusive escolhido o repertório.
É só esperar!